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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Vinagre em travessa de alumínio e prego/panela de ferro: Cuidado!!!!

Esses dias eu estava assistindo um programa de culinária (Donna Hay, no Fox Life) e ela estava ensinando a fazer um pernil de carneiro no vinagre balsâmico. Durante o preparo ela recomendou usar travessa de cerâmica esmaltada ou de vidro para ir ao forno, pois o vinagre atacaria o alumínio da travessa. Era a deixa prá gente falar de química aqui no Pasquímico!

Alguns metais são encontrados na forma reduzida na natureza, ou seja, não precisam ser tratados para obter o metal na sua forma brilhante, como o ouro, a prata e o cobre. Outros são encontrados na forma de minério, ou seja, estão oxidados, como o ferro e o alumínio. É que os diferentes metais tem diferentes comportamentos frente a água (presente abundantemente no nosso planeta) ou ácidos. Enquanto alguns são inertes neste meio, como o ouro, outros são reativos, como o ferro e o alumínio. A forma como os metais são encontrados na natureza depende do comportamento perante a água e a meios ácidos, já que toda chuva sempre é ácida (toda chuva tem pH por volta de 5, por causa do CO2 do ar, o problema é quando tem outros poluentes no ar, como o SO3, que acidificam mais ainda a chuva, recebendo o nome de chuva ácida). Portanto, colocar coisas ácidas em recipientes de alumínio acaba levando a contaminação com alumínio oxidado, o que não é muito saudável. O mesmo pode acontecer com aquela macarronada que se guarda na geladeira dentro da panela, já que o molho de tomate é ácido.

Para os vestibulandos: No ensino médio. Esta característica é apresentada na tabela de potenciais de oxidação, quando se estuda eletroquímica. Nela convencionou-se que o potencial de oxidação do H2 em H+ é zero, e acima de zero estão os que se oxidam em uma pilha com eletrodo de hidrogênio e abaixo de zero estão os que se reduzem em uma pilha com eletrodo de hidrogênio. Para saber mais sobre o eletrodo padrão de hidrogênio, leiam o artigo “Eletrodo de hidrogênio – O que há nos livros didáticos além de Eo = 0?” (http://www.quimicanova.sbq.org.br/qn/qnol/2009/vol32n4/40-ED08201.pdf). Não se assuste com a parte da equação de Nernst. Se você não a conhece, atenha-se a entender os equívocos na descrição do eletrodo em livros didáticos e nas discussões qualitativas sobre o tema. Leia também o artigo recomendado ao fim da postagem, tem uma abordagem química adequada e uma boa associação com o cotidiano.

Outro fato da cozinha relacionado com oxidação de metais, é o cozimento de comida com a imersão de pedaços de ferro no alimento que está sendo cozido, porque liberaria ferro na comida. Em primeira análise faz sentido, uma vez que o meio ligeiramente ácido, que você consegue colocando limão, laranja, tomate ou vinagre na comida, acaba oxidando o metal, liberando ferro na comida. O problema é saber se o pedaço de ferro que se coloca na panela é puro ou uma liga com outros metais, porque aí você também pode contaminar a comida com metais que não são bem vindos na nossa dieta. Verificar a origem e a qualidade do material, nesse caso, é fundamental para garantir sua saúde! Portanto, não façam como já vi uma vez em uma república: nunca coloquem um prego para cozinhar com sua comida, achando que sabem o que estão fazendo! Pregos não são feitos de ferro puro e podem contaminar sua comida!!! Leiam o artigo “Os mitos científicos: O uso de pregos no feijão para combater anemia ferropriva” (http://www.foco.fae.ufmg.br/pdfs/1296.pdf) para se informar.

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