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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Polêmica dos saquinhos plásticos (parte 2): Polietileno normal e polietileno verde

Após a primeira postagem sobre como se faz saquinhos plásticos, agora vamos falar sobre comos e obtém o polietileno normal e o polietileno verde.


O polietileno é o plástico com a estrutura mais simples que se conhece. Vários, vários mesmo, grupos CH2, ligados um no outro, como na figura abaixo.

Reação de polimerização do polietileno.
Apesar de sua aparente simplicidade, o polietileno pode apresentar algumas peculiaridades que acaba gerando uma diversidade de tipos de polietileno. Existe o polietileno de alta densidade (para garrafas e outras coisas de paredes mais grossas), o de baixa densidade (para os saquinhos plásticos), o de baixa densidade linear (para as embalagens termoretráteis, como as que embalam carnes maturadas, peças de queijo e os conjuntos de latinhas de cerveja), o de ultra-alta massa molar (para próteses de ossos!!!), fora outros tipos menos comuns. As diferenças podem ser no número e no tamanho das ramificações ocasionais que aparecem na cadeia ou até no tamanho da própria cadeia. Vamos nos concentrar no polietileno de baixa densidade, que é o dos saquinhos plásticos, nosso tema.


O polietileno é feito a partir da polimerização do etileno, que no ensino médio nos foi apresentado, também, com o nome de eteno. E a maior fonte desse eteno é o petróleo, por isso, chamamos a indústria que faz esses polímeros de indústria petroquímica. O etileno é uma molécula bastante versátil, que serve para muitas coisas. Uma das coisas interessantes do etileno é que a partir dele conseguimos fazer etanol! Ele mesmo, o etanol que usamos nos carros e na limpeza! Em alguns países, sem as facilidades climáticas que temos prá plantar cana, as indústrias fazem etanol a partir de uma reação entre o etileno e a água, produzindo etanol, como na figura abaixo.
Reação de adição de água (hidratação) em alceno.


O polietileno é feito pela reação que abriu o texto, e sempre foi bastante dependente do petróleo! Agora não mais... Após a produção do polietileno feito a partir de etanol obtido da cana pela Braskem, podemos dizer que o polietileno é mais sustentável, por usar uma matéria-prima renovável, que pode ser obtida de uma fonte que se renova, como a cana de açúcar. Abaixo tem um esquema sobre o polietileno verde divulgado pela Braskem.

Resumo do ciclo de produção e reciclagem do polietileno verde. Imagem retirada do texto "Bioplásticos: Os plásticos do futuro - Parte final", no site http://sustentabilidade-tecnologica.blogspot.com.br/2011/10/bioplasticos-os-plasticos-do-futuro_31.html
É importante ressaltar que o incremento de sustentabilidade é só esse. Já respondi algumas vezes em aula a alunos que perguntam se o polietileno verde é biodegradável. O polietileno verde continua tendo a mesma dificuldade para biodegradar que o polietileno normal e tem as mesmas aplicações. O preço do polietileno verde é um pouco maior por causa do custo adicional da matéria-prima (2.600 dólares por tonelada contra 2.000 dólares por tonelada do polietileno comum, veja na tabela abaixo), mas o mercado compra toda a produção, uma vez que o polietileno verde agrega valor de marketing por ser mais sustentável.

Comparação entre o polietileno normal e o polietileno verde. Tabela retirada do texto "Economia verde: realidade ou utopia?", no site http://entremundos.com.br/revista/economia-verde/
A próxima postagem será sobre as sacolinhas feitas com materiais oxodegradáveis.