Hoje, no jornal Folha de S. Paulo,
saiu uma matéria na página dedicada à ciência, sobre o achado de um antropólogo da USP, o Prof. Walter Alves Neves, que lidera o grupo que encontrou e
datou uma gravura de caverna representando um homem animado, no sentido sexual,
em Minas Gerais. Dê uma olhada na imagem
clicando aqui e abrindo para a matéria da folha. Mais adiante será importante ter visto a imagem!
Onde entra o carbono 14 nessa
história? Vamos ao fundamento: todo átomo tem três componentes, o próton e o neutron que
ficam no núcleo (exceção é o hidrogênio que só tem um próton e nenhum neutron,
os demais tem protons e neutrons) e o elétron que fica na eletrosfera, ao redor
do núcleo. O núcleo é o principal responsável pela massa do átomo e a
eletrosfera é a principal responsável pelo tamanho do átomo. A quantidade de
prótons que tem no núcleo é o que determina a identidade do átomo (próton e
protagonista não tem o mesmo radical por acaso...). Se um átomo tem 6 prótons,
será um carbono, se tiver 7 prótons será um nitrogênio, e por aí vai a tabela
periódica inteira. Porém, a quantidade de neutrons pode variar para o mesmo
elemento. Por exemplo, há carbonos que tem 6 prótons e 6 neutrons e são
conhecidos como Carbono 12, já os carbonos que tem 6 prótons e 8 neutrons são
conhecidos como Carbono 14 (perceberam a lógica do número que acompanha o nome
do átomo? É a soma dos prótons e neutrons e esse número se chama número de
massa). Estas espécies do mesmo elemento que tem massa diferente a gente chama
de isótopos, o Carbono 12, mais comum, é isótopo do Carbono 14, menos comum. Na
tabela periódica vai o isótopo mais abundante e mais estável encontrado na natureza, os demais são menos abundantes e, mais
importante para o que estamos conversando, menos estáveis. Como na natureza há
uma proporção mais ou menos fixa entre os diferentes isótopos de um mesmo elemento,
o pessoal que inventou esta técnica de datação teve a seguinte sacada: os seres
vivos tem a mesma proporção de Carbono 12 e Carbono 14 porque estão sempre
respirando e se alimentando e, portanto sempre renovando as duas espécies de carbono.
Porém assim que um ser vivo morre essa troca para e a razão entre os dois tipos
de carbonos vai mudar uma vez que um é mais estável que o outro. Como sabemos a
velocidade com a qual o carbono 14 se decompõe, calculando a concentração em
relação à concentração de carbono 12, conseguimos saber aproximadamente há
quanto tempo aquele artefato foi feito. Materiais típicos que podem dar dicas de idade para os cientistas são, por exemplo, flechas que já foram pedaços de galho arrancados
de árvores, ou partes internas de urnas com material orgânico, como resíduos de
alimentos que foram petrificados, ou ainda pinturas com pigmentos que eram misturados à gordura animal para poder espalhá-los pela parede de pedra. No caso da descoberta do
professor Walter Neves, a dica da idade da gravura veio de uma fogueira que
estava logo abaixo da gravura, que revelou a idade aproximada de 10.500 anos de
idade. Artefatos que não tenham carbono, como panelas, espadas ou pontas
metálicas de flechas não podem ser datadas por carbono 14 por não terem
carbono...
Agora que aprendemos sobre a datação,
é importante aproveitar a saliência do artista (o homem das cavernas que fez a gravura) para fazer algumas especulações.
Primeiramente, o pênis representado é praticamente do mesmo tamanho do pé na mesma gravura,
um bom parâmetro de tamanho. Questão importantíssima atrelada ao tamanho do pênis na gravura é: o artista era adepto do realismo ou do impressionismo? O primeiro
estilo retrata com fidelidade o retratado, já o segundo estilo retrata a
impressão que o artista teve do retratado. No caso
do artista ser adepto do realismo, significa que o homem não evoluiu, mas
aparentemente regrediu, no quesito tamanho. Porém, caso o artista seja adepto do impressionismo,
e a obra seja um auto-retrato, significa que o homem não evoluiu nada, nos últimos 10.500 anos, no
quesito auto-avaliação...
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